Uma hora qualquer

E numa hora qualquer eu me lembrei de nós dois e lamentei igual a todas as outras vezes, como conseguimos deixar escapar, tipo quando a gente tenta pegar água com a concha da mão e a mesma água se esvai pelos dedos... como numa cena de filme eu te vi ali, do meu lado, rindo de mim, comigo e pra mim; lembrei de como juntos éramos perfeitos, invencíveis, incríveis, prontos pra enfrentar o mundo, de 'peitar' quem quer que fosse! Sonhamos juntos, sonhamos separados lado a lado... E nessa hora qualquer os pingos de chuva começaram a bater em minha janela e me truxeram outra lembrança: você me mandaria uma mensagem sinalizando que nossa hora tinha chegado, porque a chuva vinha, lavava e levava (foi num dia de chuva que te conheci).
Trovão veio e me trouxe de volta pra realidade, amarga na qual eu olho ao meu redor e você não mais está, onde seu menor gesto ou palavra me fariam sonhar e sentir cada vez mais vivo o seu amor e a nossa história. O que houve de errado? o que mudou? o que nào deveria ter mudado? Foram erros demais e acertos de menos? Foi um vice versa?

Numa hora qualquer eu recrio a mesma cena, a mesma sensação, certa de que vou encontrar uma resposta...

...uma hora qualquer.

Eu fico, espero, me preparo, corro, eu nunca por você

Faz parte do pacote, do nosso 'contrato invisível':

Eu vou ficar preparada pra rir por você mesmo quando a piada não for tão engraçada assim, eu vou ficar preparada pra te acalmar quando você chegar 'muito puto' com algo ruim que te aconteceu no trabalho, eu vou ficar preparada pra te segurar a mão quando sua coragem tiver acabado, eu até mesmo vou ficar prepara pro dia em que eu tiver de torcer pro seu time, só pra te dar um apoio moral!

Eu vou esperar, esperar você chegar de olho na janela, eu vou esperar pacientemente por aqueles '30 minutos de macho', que chega em casa e não quer papo e se tranca no banheiro, vou esperar você ter ataque de romantismo repentino, me fazendo lembrar que foi por isso que me apaixonei por você, esperar até você ter a boa vontade de aguentar minhas crises, minhas manias, minhas TPM's nervosas, esperar você me chacoalhar e dizer "deixa de ser boba, eu te amo, entendeu"? no meio das minhas crises de ausência de confiança.

Eu vou correr todos os riscos impossíveis e inimagináveis por você, pra você!  E quando quiser brigar, eu brigo por você; quando você não me quiser mais, vou ficar e aguardar sonhando quieta no meu canto com o dia em que você vai retornar transtornado, impressionado e surpreso dizendo que fez uma 'mega besteira' e voltou pra mim e vai me abraçar um abraço de 'não vou mais partir, vou ficar pra sempre' (é incrível como consigo até sentir a intensidade desse abraço!).

Eu nunca vou te deixar, nunca vou deixar de ficar um dia sem te olhar nos olhos (afinal, você sempre precisa saber que, quando me faltarem as palavras, tudo o que eu sinto por você vai estar escrito lá), nunca vou deixar te deixar louco da vida com os meus mimimi's, nunca vou deixar de te deixar irritado esperando eu me arrumar duas horas pra gente sair (porque o resultado final sempre te deixa orgulhoso e babando), nunca vou deixar de te surpreender, nunca vou deixar de te conquistar todos os dias, até que fique gravado na sua memória que eu sou o lugar que você sempre vai voltar pra mais.

Em meu 'Livro Mental'

 

    Você provavelmente não sabe, mas eu adoro ler e, com toda essa tecnologia a coisa complicou, eu leio na quantidade e na velocidade da luz (se assim posso dizer). 

Esses dias li um daqueles romances de suspirar alto e sem fim, em que tudo começa do nada e, de repente, acontece uma reviravolta daquelas que me faz prender a respiração, quem eu achava que seria o escolhido, o primeiro amor, o óbvio, não passava de uma ponte pra que Liberty (a protagonista, que tomo a liberdade de chamar pelo nome porque me sinto íntima dela, nós éramos a mesma pessoa) encontrasse um outro amor muito maior  que ela jamais pensou que fosse existir.

E aqui estou eu suspirando a cada vez que lembro da história, porque os livros são assim: quanto mais arrebatadora é a história, mais eu entro num relacionamento amoroso com as personagens.

Como se já não bastasse tudo isso, ainda me aparece a música perfeita, aquela que tem tudo a ver comigo e com o livro que li: e é nesse momento que começa um outro livro, inventado na minha mente e que talvez seja o meu sonho de amor perfeito, aquele que talvez a gente se conheça num ponto de ônibus ou andando casualmente na rua, aquela coisa que começa de forma absurda, ou do nada, será que você vai entender o que estou querendo dizer?

A questão é que não consigo ir tão longe com o meu "livro mental", eu acabo me perdendo nas imagens de nós dois pois, veja bem, a gente não se conhece (e eu sinceramente gostaria de entender como os autores fazem uma discrição tão incrivelmente detalhada das suas personagens e nos faz sentir como se. as conhecêssemos tão bem quanto pessoas que temos uma convivência diária, confuso isso!)

Tudo o que tenho são sensações que eu quero ter quando eu realmente souber que você é VOCÊ. Coisas do tipo ficar sem sem ar, perder o chão, confusão mental, choque apoplético (que expressão antiga!), vontade de gritar 'Eureka!' e ficar muda ao mesmo tempo, vontade de sair correndo, de dançar na chuva, de fugir e só voltar quando tiver a plena certeza de que é isso mesmo, quando na verdade tudo o que vai acontecer é que não vou conseguir sair do lugar!

E a cada vez que eu te olhar pro resto da minha vida, quero ter um 'treco' (no bom sentido), aquele em que a gente só pensa 'ele é meu, como isso foi acontecer?' Relembrar a história de nós dois a cada milésimo de segundo, pra que a coisa fique sempre fresca em minha memória.

A única coisa que eu realmente sei é que enquanto você ainda está nos manuscritos dos meus sonhos, eu fico aqui, esperando você ser impresso e surgir casualmente, do nada e de maneira absurda em meu livro real.

Música pra acompanhar a leitura: In my dreams - James Morrison